13 de maio de 2011



Epidemia global

Doenças crônicas matam mais do que todas as outras enfermidades juntas, alerta OMS


Publicada em 27/04/2011 às 10h39m

O Globo

RIO - Doenças crônicas, como câncer, doenças cardíacas e diabetes, têm alcançado proporções epidêmicas globais e agora causam mais mortes do que todas as outras doenças combinadas, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira. Em seu primeiro relatório mundial sobre as chamadas doenças não transmissíveis, a OMS disse que elas causaram mais da metade de todas as mortes em 2008 e representam uma ameaça maior do que doenças infecciosas, como a malária, a Aids e a tuberculose - mesmo em países pobres.

"O aumento das doenças crônicas não transmissíveis constitui um enorme desafio" disse um comunicado da diretora-geral da OMS, Margaret Chan, que lançou o relatório em uma reunião em Moscou. "Em alguns países, não é exagero descrever a situação como uma catástrofe iminente, uma catástrofe para a saúde, para a sociedade, e, sobretudo, para as economias nacionais."

As doenças relacionadas, que incluem doenças cardíacas, pulmonares, câncer e diabetes, foram responsáveis por 36 milhões, ou 63%, das 57 milhões de mortes no mundo em 2008. Milhões de vidas poderiam ser salvas e poupadas de muito sofrimento se as pessoas fizessem mais para evitar os fatores de risco, como fumar, beber e estar acima do peso.

Cerca de 6 milhões de pessoas morrem por causa do tabaco todos os anos - tanto os fumantes ativos quanto os passivos. Em 2020, esse número deve subir para 7,5 milhões, 10% de todas as mortes pela doença em todo o mundo.

Além disso, 3,2 milhões de pessoas morrem por ano como resultado da falta de atividade física; pelo menos, 2,8 milhões em função do excesso de peso ou da obesidade; e 2,5 milhões por causa dos níveis elevados de consumo nocivo do álcool.

"A epidemia de doenças não transmissíveis cobra um preço enorme em termos de sofrimento humano e provoca sérios danos ao desenvolvimento, tanto nos domínios social como econômico", afirma o relatório da OMS. ""As coisas não podem continuar assim... A menos que medidas sérias sejam tomadas, o número desses males atingirá níveis que irão além da capacidade de todas as partes interessadas em administrar."

Uma reunião especial da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas está marcada para setembro em Nova York para falar sobre a ameaça crescente das doenças não transmissíveis. O relatório da OMS definiu as formas de mapear a epidemia, reduzir seus principais fatores de risco e melhorar a saúde para aqueles que já sofrem de doenças não transmissíveis.

A OMS disse que fixou três prioridades de ação: vigilância, para monitoramento; prevenção, para informar as pessoas sobre os riscos e ajudá-las a adaptar seus estilos de vida; e tratamentos de saúde, para melhorar o cuidado com as pessoas que estão doentes.

Foram listados ainda dez pontos de ação, como a proibição de fumar em lugares públicos, o reforço à proibição da publicidade ao tabaco, e a restrição ao acesso ao álcool e ao sal em alimentos de corte. A OMS afirmou ainda que, se essas medidas forem adotadas agora, podem salvar vidas, prevenir doenças e evitar altos custos.

O documento diz que, nos países pobres, já não há como lidar com a epidemia, motivo pelo qual as mortes e a invalidez têm aumentando desproporcionalmente. Em muitos países em desenvolvimento, onde o foco é a saúde, muitas vezes com doenças infecciosas, doenças crônicas frequentemente são detectadas tardiamente, quando os pacientes precisam de cuidados hospitalares longos e caros.

A maior parte dessa assistência torna-se, então, inviável, ou é paga por meio de empréstimos, que colocam os pacientes e suas famílias numa situação ainda mais grave de pobreza, arriscando mais suas saúdes.

Cerca de 80% das mortes por doenças não transmissíveis ocorrem em países de baixa e média renda, e essas enfermidades são a principal causa das mortes na maioria dos países, exceto na África, diz a OMS. Mesmo no continente, esses males estão aumentando rapidamente e devem ultrapassar outras doenças até 2020.

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